HISTÓRIA REAL
Journal
2010
       


       
Sempre tinha ouvido falar de olho gordo, o famoso olhar de seca-pimenteira, muito temido no sertão, onde as mães escondem as criancinhas para evitar que caiam na mira de seus portadores. Mas eu achava que havia exagero nos relatos do fenômeno. Até que, anos atrás, uma conhecida me visitou em casa e pôs os olhos na planta retratada nesta fotografia. Trata-se de uma espécie  bem modesta, que vivia sobre um armário sem nunca ter atraído a atenção de ninguem. Seus galhos são escassos, mas suas folhas são gorduchinhas e essa é a graça da planta, essas folhinhas infladas, como miniaturas das chamadas “suculentas”. E, aliás, me ocorre agora que essa mesma planta talvez fosse da família das suculentas mas isso, não vem ao caso nessa história. O que importa é que a visita de repente olhou para a planta - que realmente vivia seus melhores momentos - e fez um elogio: “que planta linda!”. E mais, ficou meio que hipnotizada pela planta, durante o breve tempo que durou sua passagem pela minha casa. Logo foi embora.
Bem, esta foto, com as raízes e os galhos da planta completamente ressecados, foi tirada no dia seguinte, quando as folhas começaram a cair uma por uma, mas eu notei e me alarmei com a ‘praga’ ainda no mesmo dia, algumas horas depois da partida da tal visita.
Moral da história: nada mais certo que as palavras de Shakespeare. De fato há muito mais mistérios entre o céu e a terra do que o que pode imaginar a nossa vã filosofia. Passei a acreditar em tudo. Deu muito medo daquele olho 😮.

© Foto Neyde Lantyer 2003