HISTÓRIA REAL
Journal
2010
       


       
Sempre tinha ouvido falar de “olho gordo”, o famoso olhar seca-pimenteira, muito temido no sertão, onde as mães escondem as criancinhas para evitar que caiam na mira de seus portadores. Mas eu achava que havia algum exagero nos relatos do fenômeno. Até que, anos atrás, uma conhecida visitou a minha casa e viu a planta desta fotografia. Trata-se de uma espécie  bem modesta, que nunca havia atraído a atenção de ninguem, com seus escassos galhos. Mas as folhas são gorduchinhas e essa é a graça dessa planta, essas folhinhas infladas, como miniaturas das chamadas “suculentas” e, aliás, me ocorre agora que essa planta talvez fosse da família das suculentas mas isso, obviamente, não vem ao caso. O que importa é que a visita olhou para a planta, que realmente vivia seus melhores momentos, e fez um elogio: “que planta linda!”. E mais, a visita ficou meio que hipnotizada pela planta durante o breve tempo que durou a sua passagem pela minha casa. Depois foi embora.
Bem, esta foto, com as raízes e os galhos da planta completamente ressecados, foi tirada no dia seguinte, quando as folhas começaram a cair uma por uma, mas eu notei e me alarmei com a “praga” ainda no mesmo dia, algumas horas depois da partida da visita. Moral da história: nada mais certo que a frase que diz que há mais mistérios entre o céu e a terra do que o que pode imaginar a nossa vã filosofia. Agora acredito em tudo. Deu muito medo daquele olho 😮.

© Foto Neyde Lantyer 2003